segunda-feira, 30 de março de 2015

Reiniciando, reparto

Minha última postagem aqui no blog foi quando eu ainda estava grávida. A bem da verdade, eu estava quase para parir, mas não sabia, a Lia nasceu com 37 semanas e meia de gestação. Depois montei um blog só pro relato de parto dela, no Bem vinda, linda Lia. Desde então, fico na maior dúvida de como continuar a escrever já que o nozmoscando é de pensamentos soltos da vida e meus pensamentos tem sido tão arraigados nessa maternidade que me devora e que eu amo. Pensei se eu seguia pelo blog do relato, se eu montava um terceiro... Mas eu sou nozmoscando, minha vida mudou, mas eu obviamente permaneço com a mesma essência. Então me arrisco a manter o mesmo velho blog, certamente carregado de novos temas.
Essa história de maternidade me devora e isso está presente na minha ausência de escritos. Está certo que muitas vezes fico sem escrever por longos períodos, mas acredito que esse tempo de agora foi recorde, foram 19 meses de ausência geral. Não por falta de pensamentos e reflexões, pelo contrário! Mas muito porque a maternidade me tirou o eixo e, diga-se de passagem, o casamento também... Entrei num deseixo geral, a junção de início de casamento, puerpério da 1ª filha, morando numa vila de pescadores a 40km do centro urbano mais próximo, sem dirigir, sem contato próximo com nenhuma outra pessoa que não a recém-nascida, o recém-marido e sua família. Desabafo aqui que não tinha por onde desafogar. Tentei com o marido, mas ele não entendia minha angústia e confusão mental. Tentei com a sogra.... Conselho: nunca faça isso, a não ser que esteja prescrito na bula. Tentei com outras pessoas do local.... e não obtive sucesso. Um curso de 3 dias que fiz em São Paulo de psicologia perinatal me abriu os olhos: passei por uma fase denominada depressão pós-parto! Ufa, tinha nome, tinha jeito! Aos poucos fui abrindo os ouvidos das pessoas pra isso: s.o.c.o.r.r.o, so-co-rro, soco-rro! Gente, que angústia, aos poucos que estou conseguindo de novo segurar na borda da piscina, ou na pedra do rio, ou na margem do oceano... Consegui muitas ajudas a partir do momento que chamei por socorro, isso é importante! E o processo de reabitação é lento, não tenho dúvidas.
O lado super positivo dessa história é que apesar de muitas vezes ter perdido a paciência geral, inclusive com o constante pedido de atenção da minha filha, eu sempre a tive do meu lado a lado. Sim, algumas vezes, com a paciência perdida, eu gritei com ela, a linda Lia, e obviamente que me arrependo de tal grosseria e agressividade, mas sempre tive controle motor o suficiente para nunca dar uma palmada sequer, e nunca minhas crises duraram um tempo que causasse algum trauma de violência permanente, eram explosões repentinas, rápidas e retornáveis. Sim, minha relação com a Lia é humana e tem momentos negativos. Nada que abale o amor que sinto por ela, que é indescritível. Hoje percebo nossa relação cada vez mais íntima, conectada e emancipatória.
Bom, e as outras áreas estão se re-encaixando como deve ser. Saí do meu trabalho ao final da licença-maternidade, como funcionária pública na prefeitura de Paraty/RJ e até hoje não consegui re-iniciar uma função remunerada. O casamento vai como o bêbado e a equilibrista, apesar de meu marido ter se tornado crente recentemente. Continuo morando na vila de pescadores, mas me aventurado mais na direção pela BR. Traçando planos e vôos, jájá volto pra contar mais. Esse é só o recomeço.

Aqui uma foto de nós duas, passeando pela SP do meu berço, onde nesses dias inusitadamente vim respirar e reencontrar meu eixo:

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